Saúde Tecnologia
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Publicado em 21/11/2025 13:26h

O cuidado multidisciplinar, que permite enxergar o paciente de forma global, é considerado o padrão-ouro na saúde há muito tempo. Agora, com a evolução digital, essa mesma abordagem vem ganhando destaque no ambiente de inovação ao estimular a aproximação de profissionais de tecnologia, assistência e gestão para trazer mais assertividade no desenvolvimento de soluções que trazem ganhos reais aos pacientes.
A velocidade de chegada de novas ferramentas, como a inteligência artificial, tem reforçado a importância dessa intersecção e o consenso entre profissionais de que o futuro da saúde deve ser construído a várias mãos. Por isso, nos últimos anos esse tema ganhou força com a expansão de pesquisas na área e novas tecnologias, analisa Rodrigo Demarch, diretor executivo de inovação do Einstein Hospital Israelita. Ele cita a disponibilidade das tecnologias digitais como um dos fatores que impulsionam essa tendência, marcada também pelo empreendedorismo. “Há casos bem interessantes de profissionais que buscam tirar suas próprias ideias do papel e desejam empreender”, completa.
Demarch explica que a ideia de aproximar várias disciplinas em torno da saúde emergiu no início dos anos 2000, com o desenvolvimento do conceito de biodesign – a lógica do design thinking aplicada à saúde – por pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.
Apesar de parecer um pensamento natural, no entanto, nem sempre é algo simples de ser executado. A falta de conhecimento sobre habilidades para além da própria área de atuação, a diferença de linguagem e conceitos e, até mesmo, de background cultural de cada área, são questões que podem se transformar em barreiras na integração das equipes profissionais. Mas é justamente o desenvolvimento dessas habilidades, além de espaços seguros para trocar opiniões divergentes, que ajudam na obtenção de melhores resultados nos processos de inovação. Foi o que destacou um estudo que analisou dois projetos interdisciplinares de saúde, computação e engenharia, publicado no periódico JMIR Human Factor.
Interdisciplinaridade na prática
Um dos passos para enfrentar essa barreira é a formação. O consenso pela necessidade de se trabalhar a diversidade de habilidades nas instituições de ensino de saúde existe, mas muitas delas ainda patinam para atender às demandas da nova era. São poucas as que contemplam disciplinas relacionadas à tecnologia e inovação, por exemplo – mesmo com serviços básicos já presentes na rotina dos times assistenciais, como a teleconsulta.
“O currículo, de maneira geral, não contempla o aprendizado sobre empreendedorismo, desenvolvimento ou incorporação tecnológica”, aponta Demarch. “Assim, o profissional vai precisar buscar formação complementar para entender como funciona a gestão na área da saúde e o processo de inovação.”
Demarch explica que, por edição, o programa seleciona oito participantes, que são separados em dois grupos. A metodologia de trabalho é dividida em três etapas principais, que moldam o caminho das soluções tecnológicas: identificação e compreensão do problema, desenvolvimento do conceito da solução e implementação da tecnologia. Cada uma das fases demanda uma área de conhecimento específica, sempre mantendo o norte do objetivo em comum.
“Na compreensão do problema, o profissional de saúde vai se destacar para desmembrar o desafio inicial. Já na segunda fase, quando a solução começa a ser construída, em geral quem vai contribuir mais é o cientista de dados, o engenheiro. Na terceira, quando há a necessidade de criar uma estratégia de negócio para a implementação da tecnologia, o profissional da administração compartilha sua expertise”, explica Demarch. “É um modelo colaborativo muito rico para todos os participantes”, acredita.
No aspecto geral, Jefferson Gomes lembra que esse tipo de formação não se trata de preparar os profissionais de saúde para que sejam também especialistas em tecnologia, mas sim capacitá-los para dominar conceitos básicos de recursos como inteligência artificial e Big Data para que possam propor novas soluções dentro de suas áreas de atuação. Na sua visão, observando o rumo da medicina, logo isso será indispensável. “O mercado está valorizando muito os profissionais de saúde que têm esse conhecimento expandido”, afirma.
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